O TEMPO DE UM ANO
A sensação de que o tempo está passando mais depressa é assustadora: parece não ser mais possível controlar a velocidade dos fatos e da vida. No início do ano, isso não fica tão evidente, dá até para acreditar que há prazo suficiente para fazer tudo que está planejado. No entanto, à medida que se aproxima o final do ano, cresce a sensação do imponderável, do inevitável desfecho, a despeito da necessidade de mais horas, dias, meses.
Ao se constatar que mais um ano está encerrado, nada mais cabe, senão contabilizar ganhos e perdas. Surgem, então, as estratégias para maximizar vantagens alcançadas ou minimizar efeitos indesejáveis. Nessa hora, a maturidade é a grande aliada, é dela que se extraem forças para acreditar que foi feito o cabível a cada situação, não necessariamente o desejado.
Para o ano vindouro, promessas de mais sabedoria, vitalidade e melhor administração do tempo, e um desejo firme de que as luzes não se apaguem antes da hora. No entanto, é importante entender que os rumos da vida são traçados por uma infinidade de iniciativas – ou mesmo pela inércia – não se podendo fazer projeções advindas unicamente da nossa vontade . Algumas previsões são corretas e se efetivam, outras ficam ao sabor das vicissitudes, dos caprichos pessoais, do poder capital e de um sem número de variações.
O certo mesmo é que os anos se sucedem à revelia da vontade das criaturas, a vida não para de correr, e seu curso só tem de concreta a finitude. Aquele velho ditado de que “devemos viver como se não houvesse amanhã” tem seu fundamento, mas não significa que o tempo não nos pregará uma peça, deixando muita coisa em aberto, muita coisa inacabada e um gosto mais ou menos amargo de coisas perdidas... O certo é que o ego só existe enquanto o tempo lhe dá guarida. Para além de nós mesmos, tudo são incertezas.
Nadja Neves Abdo
Perfeito o texto, Nadja.
ResponderExcluirComo sempre, dando um banho de sofisticação no trato da palavra.
Um abração cheio de carinho.
Pedro Antônio
Sensasional como sempre mamãe
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