Para que escrever?


"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."

Em geral, as pessoas escrevem quando estão reclusas,  quando precisam se desligar do mundo, quando falar com os outros se torna difícil. Dessa forma, a escrita brota do fundo da alma, como um suspiro, como uma necessidade de soltar o que não foi ouvido. 
A prosa desvela, enquanto a poesia instiga, pois que a primeira requer sentido e coerência, enquanto a segunda permite divagações e entrelinhas. Há, também, a possibilidade da prosa poética, muito bem trabalhada por Drummond. Nela é possível falar o óbvio com originalidade, expressar o pensamento complexo de forma inteligível ou transformar o banal em algo curioso. 
Enfim, seja como for, a escrita alivia a alma da sua necessidade de ser ouvida sem a interrupção constante da oralidade, na qual cada um quer mais falar do que escutar.
Nadja Abdo

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