AFETIVIDADE X EU

Nunca se falou tanto sobre equívocos nos relacionamentos afetivos e traumas decorrentes dos constantes desenlaces. Nunca se buscou tanto compreender as variáveis desses conflitos e apontar soluções. Na internet, a todo tempo, aparecem receitas infalíveis, velhos e sábios ditados são resgatados, postagens magníficas com chavões surgem em profusão, são criadas algumas mensagens até interessantes em conteúdo, os livros de autoajuda são recomendados e vendidos a rodo... Enfim, as tentativas de salvar as relações humanas desastrosas  ou remediar o sofrimento causado por elas são várias.

Então, diante da crise detectada e da demanda por socorro, aparecem as indagações sobre o problema que se alastra: Por que as relações afetivas não prosperam ou duram como antes? Por que os sentimentos se tornaram tão efêmeros? O que fazer para não sofrer tanto com o rompimento? Por que alguns agem com violência numa separação?... E vão por aí afora as perguntas.

Falam os filósofos, analisam os psicólogos, aconselham os religiosos, receitam os doutores... Na dúvida, Freud é ressuscitado e chamado a explicar. Os antidepressivos e a psicoterapia são apontados como indispensáveis para dar solução ao problema. Mas as perguntas continuam sem resposta.

A angústia, o pânico, o estresse - ou todos somados - fazem mais e mais vítimas a cada dia, sem que a epidemia seja controlada. Vários males vão surgindo, decorrentes desse estado de coisas da vida contemporânea. À espreita, doenças psicossomáticas aproveitam a oportunidade para se instalarem.

Concomitantemente, pode ocorrer o estado de solidão, o que tem sido cada vez mais frequente, como consequência ou por opção. Refazer a vida afetiva nem sempre é fácil. O desgaste emocional de um relacionamento malfadado imputa certa descrença e colabora para o que o medo de uma nova frustração ocorra. Ademais, nunca se sai de um relacionamento sem marcas e bagagens, que, por vezes, podem dificultar um recomeço. Estar só pode ser uma garantia de viver em paz. No entanto, muitas pessoas conseguem superar e refazer sua vida afetiva, alcançando a tão sonhada felicidade.

Consideradas as características das relacões afetivas da vida contemporânea, em geral, e seus desdobramentos na vida pessoal e familiar de cada um, o que se pode depreender dos fatos é que vivemos uma época de baixa tolerância e de egos exaltados. E o que fazer? A resposta é diretamente proporcional à necessidade que cada um tem de se relacionar, de se doar e de manter acesa a energia – seja ela amor, amizade, paixão, companheirismo - que sustenta o relacionamento.
Nadja Neves Abdo

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