Ainda sobre o CARNAVAL


Fábio Abdo Raso Mendonça

Como o Carnaval de hoje começa na sexta-feira (com isso, passou a ocupar cinco dias no calendário brasileiro), ainda existem outras considerações a fazer:

- o Carnaval tem variações contextuais bastante signficativas entre as regiões brasileiras, que vão dos pequenos blocos de rua aos desfiles monumentais das escolas de samba;
- o nível de euforia é diretamente proporcional à cultura local, bem como às caracteríticas climáticas e aos interesses da exploração turística;
- há um contraste das festas carnavalescas nos extremos do Brasil, que certamente passa pela influência da cultura africana, presente no leste e bastante marcante no nordeste, especialmente no litoral.
- existe uma indústria do Carnaval em certas regiões, que promove a venda de "Abadás", através de faturas mensais, pagas ao longo do ano, pelos candidatos à folia. Isso já se tornou uma despesa básica - como água, luz, telefone - para a maioria da população local.
- um fato preocupante é o crescente consumo de bebidas durante o Carnaval, incluindo a população jovem. A alegria parece estar associada à embriaguez, o que geralmente não traz bons resultados;
- os foliões migram de vários lugares, em caravana pelas estradas brasileiras, para curtir uma espécie de fim dos tempos (ARMAGEDOM). Um verdadeiro frenesi, que termina em cinzas na quarta-feira e parece ter sido uma alucinação;

- criaturas bizarras entram em cena, surgidas não se sabe de onde (talvez das profundezas do oceano!), atendendo o chamado das trombetas dos trios elétricos.
- o crescimento das comunidades evangélicas tornou-se um fenômeno curioso durante o Carnaval, quando se verifica um esforço de seus líderes em conter os ânimos viscerais, atribuídos ao "demônio que se apodera dos foliões."

- A música Gospel - até mesmo em trios elétricos! - está entrando em disputa territorial com o samba, axé, arrocha, calypso , esses cada vez mais ousados, chegando à pornografia explícita. O que vai resultar desse contraste? Não ouso prever!!!

A cada ano, o Carnaval brasileiro surpreende em originalidade e audácia, contrastando com o resto do mundo, que trabalha e vive regularmente o período.

Comentários

  1. Fico cá pensando!!!!! Por que motivo esta manifestação popular, sem pé nem cabeça, tem tanta importância entre os brasileiros. É um movimento que degrada o país, movimenta o mercado das drogas e o da prostituição e o pior de todos: a imersão sem prescedentes a ignorância e a adoração destas pessoas que eventualmente emergem ano após ano, como celebridades deste evento temporão. Arrisco a dizer que este não é o país do Carnaval mas sim uma nação que vive em função disto e do tal de futebol. Ouso sim prever, que esta adoração ao debiloidismo, saturará o país com uma onda de descapacitados para a evolução natural e economica do desenvolvimento. Enfim, prometí que não faria mais crítica a nada que mereça comentário mais aprimorado, é uma luta que perdí a muito tempo!!!!!!

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  2. Quero corrigir o meu comentário no trecho "adoração ao debiloidismo", por não achar pertinente fazer alusão a uma doença e prol do comentário. Diria então: adoração ao mediocre

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